A Academia Americana de Otorrinolaringologista e Cirurgia de Cabeça e Pescoço descreve o zumbido, ou tinnitus, como a percepção do som sem a presença de uma fonte externa. O problema afeta 28 milhões de pessoas no Brasil e 278 milhões no mundo, conforme dados da Organização Mundial de Saúde.
Considerando as pessoas acima de 60 anos, o zumbido pode atingir até 33% da população, ou seja, 1 em cada 3 pessoas nessa faixa de idade. Cerca de 1 em cada 5 pessoas alega que a condição afeta negativamente sua qualidade de vida e/ou saúde funcional. Portanto, é um problema que deve ser devidamente tratado.
A seguir, vamos saber como reconhecer os sinais de zumbido.
Como identificar o zumbido nos ouvidos
O zumbido tem inúmeras características, e quando o paciente as consegue identificar e relatá-las ao médico, facilita a possibilidade do diagnóstico e consequentemente a implementação do tratamento mais adequado.
As características que devem ser observadas:
• Localização: em um ou nos dois ouvidos, ou ainda há quem fale perceber o zumbido na cabeça;
• Frequência: se o barulho é contínuo ou intermitente;
• Intensidade ou volume: pode ser única ou variar ao longo do tempo;
• Monofônico (sempre o mesmo tipo de som) ou polifônico (quando há a percepção de vários tipos de sons);
• Tipo: são descritos de diversas maneiras, tais como: chiado, apito, motor, chuva, cachoeira, pulsação do coração, som de sino, rádio fora de sintonia, etc;
• Causa: o que precipitou o início de todo o quadro, sendo que nem sempre é possível determinar este;
• Fatores que mudam o zumbido (para agravo e alívio): ambiente silencioso, stress, ingestão de cafeína, abuso de carboidratos, movimentos de cabeça e pescoço, apertar os dentes, etc;
• Sintomas associados: perda de audição, tontura, cefaléia, dores na mandíbula, quedas, insônia ou incômodo com sons do ambiente.
Vale saber que o zumbido não é uma doença, mas sim um sintoma de algum outro problema que está afetando o organismo.
Por envolver a percepção de sons, isso é comumente associado ao sistema auditivo. De fato, várias partes do sistema auditivo são frequentemente responsáveis pelo zumbido nos ouvidos. Mas nem sempre é assim.
Vamos conhecer algumas possíveis causas a seguir.
Nem sempre um problema de ouvido é a causa do zumbido
Na maior parte dos casos de tinnitus, a condição está associada à danos na audição. Porém, nem sempre o paciente nota essa diminuição, inclusive sendo comum as pessoas perceberem primeiro o zumbido e somente tempos depois notar que está escutando menos. Muitas vezes se deve a alterações no funcionamento e até mesmo o dano definitivo de pequenas células ciliadas sensoriais, localizadas na orelha interna, que pode ter como causa: otites, exposição excessiva a ruídos, uso de medicamentos e processo de envelhecimento, etc.
Outra possível causa é o excesso de cerumen, conhecido popularmente como “cera de ouvido”: quando este ocluir o conduto auditivo externo, aumenta a nossa percepção dos sons gerados pelo próprio corpo, daí notamos o zumbido. Esta é uma situação similar aquela em que a pessoa coloca uma concha junto ao ouvido e refere estar escutando o mar. Na verdade, a percepção do som se dá devido ao efeito de oclusão.
Inúmeras pessoas têm zumbido como consequência de alterações na região da articulação temporo-mandibular, assim, apresentando DTM (disfunção temporo-mandibular). Ela pode ser devido à bruxismo (ato de apertar ou ranger os dentes), alterações de mordida (como mordida cruzada e alterações dentárias) ou má-formações.
O problema também pode se originar de uma anormalidade na parte auditiva do cérebro ou próximo a ela. Isso inclui uma variedade de distúrbios incomuns, como danos causados por traumatismo craniano ou até mesmo tumores (por exemplo, o schwannoma vestibular, que é um tumor benigno que pode comprimir o nervo auditivo).
O zumbido nos ouvidos que soa como uma pulsação ou batimento cardíaco é conhecido como zumbido pulsátil. Isso pode sinalizar a presença de doença cardíaca (sopro cardíaco irradiado), vasos sanguíneos cervicais estreitados, aneurismas arteriais cervicais e/ou torácicos, e também tumores vasculares (no crânio, pescoço e ouvidos).
Finalmente, fatores não–auditivos e referentes ao estilo de vida também pode ser causas de zumbido nos ouvidos. Condições médicas como artrites, depressão, ansiedade, insônia, estresse e fadiga muscular são exemplos.
A seguir, vamos saber como o zumbido nos ouvidos pode ser identificado e tratado, melhorando a qualidade de vida de quem sofre com o problema.
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Pessoas que sofrem de zumbido nos ouvidos precisam de uma abordagem médica que leve em consideração critérios subjetivos e objetivos para a correta identificação da causa do problema. Também é importante diferenciar o tempo de duração do sintoma.
Quando está presente há menos de 3 semanas, deve-se considerar condições de saúde emocional, exposições recentes a intenso ruído, trauma de cabeça e pescoço, otites ou uso de certos medicamentos. Também é preciso pesquisar a presença de cerumen, cefaléia, dores no pescoço ou articulação temporomandibular, além de déficits neurológicos focais.
Se a duração do zumbido nos ouvidos for superior a três semanas, é importante se atentar se há outros fatores associados, por exemplo: quando além do zumbido, o paciente apresenta sensação de ouvido entupido (plenitude aural), perda de audição e tontura, há a suspeita de Doença de Menière.
Para um correto diagnóstico é fundamental uma anamnese detalhada (perguntas feitas em consulta) e um exame físico cuidadoso. Porém, muitas vezes necessitamos do auxílio de exames complementares.
Uma vez explorada todas as possibilidades, o tratamento é indicado com o objetivo de corrigir o fator que pode estar desencadeando o desconforto auditivo. Comumente o paciente recebe orientações sobre mudanças de estilo de vida, que podem influir no zumbido, que podem ser associadas a algumas técnicas, tais como: medicamentos, acupuntura, estimulação elétrica e magnética e até próteses auditivas, além de cuidados dirigidos para a saúde emocional.
Sempre saliento com meus pacientes que ao tratar do tinnitus, a meta número 1 é diminuir o grau de incômodo que a pessoa tem ao sentir ao zumbido, e a número 2 é diminuir a percepção sonora propriamente dita. Portanto, em alguns casos apesar do paciente manter a sensação do zumbido, mas atingir uma melhora significativa no grau de incômodo com este, poderemos considerar que este paciente está tratado.
Os pacientes que recebem tratamento mais precoce para o zumbido têm um melhor prognóstico (sucesso de tratamento). Isto é, quanto antes procurar um serviço de saúde adequado, maiores são as chances de cura.
O importante é saber que o zumbido nos ouvidos é bastante incômodo, mas pode e deve ser tratado. Se você se identifica com a condição, consulte um médico o mais rápido possível para um otoneurologista.
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