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Tinnitus: A Diferença Entre o Grau de Incômodo e o Grau de Volume do Zumbido
O tinnitus, popularmente conhecido como zumbido no ouvido, é um fenômeno sensorial que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Segundo a American Tinnitus Association (ATA), aproximadamente 15% da população mundial experiencia algum grau de tinnitus. No entanto, a maneira como esse zumbido é percebido varia significativamente entre os pacientes. Enquanto alguns relatam um volume elevado, mas com pouco impacto emocional, outros descrevem o tinnitus como extremamente incômodo, mesmo em volumes baixos, ou seja, algumas pessoas relatam zumbidos de baixa intensidade que afetam significativamente sua qualidade de vida, enquanto outras convivem com sons mais altos sem tanto sofrimento.
Percepção do Incômodo vs. Percepção do Volume
A American Academy of Neurology apontaa que a relação entre o volume percebido do tinnitus e o incômodo causado por ele não é linear. Em estudos recentes, foi observado que o incômodo gerado pelo tinnitus está mais relacionado à forma como o cérebro interpreta o som do que à sua intensidade objetiva.
Muitas pessoas convivem com um zumbido perceptível, mas sem impacto significativo na qualidade de vida. Em contrapartida, outros pacientes, mesmo com um volume baixo do tinnitus, desenvolvem sofrimento emocional intenso, dificuldade de concentração e distúrbios do sono.
Fatores Neurofisiológicos e Emocionais
O grau de incômodo do tinnitus é influenciado por diversos fatores neurofisiológicos e emocionais. A pesquisa da American Tinnitus Association destaca que a amígdala e o sistema límbico, áreas do cérebro envolvidas na resposta emocional, desempenham um papel fundamental na forma como o tinnitus é percebido.
Estresse, ansiedade e depressão, qualidade do sono, fadiga auditiva, atenção e foco estão frequentemente associados ao aumento do incômodo do tinnitus. Estudos indicam que indivíduos que apresentam altos níveis de ansiedade são mais propensos a relatar o zumbido como incômodo, independentemente de seu volume real. Isso ocorre porque o tinnitus pode ser interpretado pelo cérebro como uma ameaça, aumentando a sensação de desconforto.
A Importância do Otoneurologista no Tratamento do Tinnitus
O otoneurologista é o especialista capacitado para avaliar e tratar pacientes com tinnitus, levando em conta tanto a percepção do volume quanto o grau de incômodo. O diagnóstico preciso envolve uma avaliação auditiva detalhada, histórico clínico do paciente e exames complementares para identificar possíveis causas subjacentes.
As abordagens terapêuticas incluem:
- Terapia de habituação (TRT): auxilia o cérebro a reduzir a percepção incômoda do tinnitus.
- Terapia sonora: uso de sons neutros para mascarar ou atenuar o zumbido.
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): essencial para reduzir a ansiedade e a resposta emocional ao tinnitus.
- Uso de aparelhos auditivos: indicado para pacientes com perda auditiva associada ao tinnitus.
- Mudanças no estilo de vida: redução do estresse, melhora do sono e evitação de substâncias que possam agravar o zumbido, como cafeína e álcool.
-Tratamento medicamentoso: alguns medicamentos podem modular a maneira do cérebero processar as informações sensoriais.
-Terapias de estimulação coporal: acupuntura e algumas técnicas de estimulação de pontos ósteo-musculares podem modular a percepção e até a causa de alguns zumbidos.
Quando tratamos pacientes com zumbido, apesar de termos como ideal que o paciente deixe de escutar totalmente aquele som que não está presente no ambiente, nosso objetivo inicial no tratamento é diminuir o grau de incômodo, visando assim ter primeiramente uma melhor qualidade de vida.
Conclusão
Compreender a diferença entre o grau de percepção do volume e o grau de incômodo do tinnitus é essencial para um tratamento eficaz. O impacto emocional do tinnitus pode ser significativo, mesmo quando o volume é baixo, e por isso a abordagem terapêutica deve ser personalizada para cada paciente.
A busca por um otoneurologista é fundamental para uma avaliação completa e um plano de tratamento adequado. Com as estratégias corretas, é possível minimizar os efeitos do tinnitus e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.